Duas lágrimas sobre o orvalho da manhã
Duas lágrimas sobre o
orvalho da manhã. O sol atravessando as copas perenes das azinheiras. Algumas
nuvens brancas riscando a serra. E quase cem anos de permeio. E tu menina,
feliz no teu vestidito novo e pobre de chita barata. Correndo pelo carreiro,
quando te é curto o passo, para conseguires acompanhar a marcha de mulheres
adultas a quem a tua mãe te confiou: não me percam a rapariga.
Duas imagens e a proximidade
a que me ficas, na larga distância dos anos. Da Cova da Iria não resta quase
nada, nem o nome. Desapareceu o charco na cova do terreno, as pedras que
emolduravam a serra e, mesmo as azinheiras, vão escasseando na beira estreita dos
caminhos. Pararam por desuso, ao abandono, os moinhos de vento da Fazarga e da
Ortiga.
Hoje fizeram santos os
pastorinhos que morreram crianças. Sabes, não é importante. Cada mulher é
canonizada com cada filho que dá ao mundo. Aos anos que te tenho neste altar
que trago na cabeça, minha Mãe. Apenas por isso te trago aqui!
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