3 de outubro de 2017

De saída está Setembro

De saída está Setembro, um tardio Agosto de manhãs frias, que ainda sabe a sal e a sol, a última fronteira do solstício. Que nova ainda é a criação das estações e dos hemisférios, com o Outono por construir, suspensa a queda da folha à espera do calendário e das chuvas corridas a vento de Novembro. Até lá vai o vinho ferver no silêncio das cubas, chorando a saudade doce de ser mosto sob os pés descalços, sentindo os gumes redondos da grainha.


Entre o nevoeiro da manhã tenho as mãos cheias do teu sorriso fresco, o perfume morno do teu pescoço penetrando-me nas narinas. Que areia fina desponta na seda dos teus cabelos, que sol se levanta preguiçosamente baixo, mesmo que sempre a oriente. Que mês se desenha, fulgurante, nas chamas dos teus lábios, que rio de águas quentes nasce no sítio tranquilo dos teus olhos. Que consolo é ter a praia de Outubro pela frente, a espuma rasa das ondas banhando-me os pés descalços!

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