De saída está Setembro
De saída está Setembro, um
tardio Agosto de manhãs frias, que ainda sabe a sal e a sol, a última fronteira
do solstício. Que nova ainda é a criação das estações e dos hemisférios, com o
Outono por construir, suspensa a queda da folha à espera do calendário e das
chuvas corridas a vento de Novembro. Até lá vai o vinho ferver no silêncio das
cubas, chorando a saudade doce de ser mosto sob os pés descalços, sentindo os
gumes redondos da grainha.
Entre o nevoeiro da manhã
tenho as mãos cheias do teu sorriso fresco, o perfume morno do teu pescoço
penetrando-me nas narinas. Que areia fina desponta na seda dos teus cabelos,
que sol se levanta preguiçosamente baixo, mesmo que sempre a oriente. Que mês
se desenha, fulgurante, nas chamas dos teus lábios, que rio de águas quentes
nasce no sítio tranquilo dos teus olhos. Que consolo é ter a praia de Outubro
pela frente, a espuma rasa das ondas banhando-me os pés descalços!
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