18 de outubro de 2018

No teu 107º aniversário


Ontem, de véspera, fui à confeitaria do costume e comprei o bolo. E ainda três velas que permitissem compor os anos que completas e o singelo raminho de três orquídeas cor-de-rosa que depositarás no sorriso fácil do teu regaço. Sim, mesmo as orquídeas quis trazê-las da confeitaria para que tivessem o doce com que quero carregar o mais ligeiro e mais breve dos meus gestos.


Esta manhã fiz-me ao caminho do costume onde tudo me é familiar. Conheço cada curva, cada lomba de estrada, cada árvore das bermas. Vejo vazios os ninhos altos das cegonhas, que já partiram para levar ao destino o primeiro voo das crias. Uma ligeira brisa agita as copas das árvores que resistiram ao verão e que me saúdam à passagem.

Encontro-te de surpresa, com duas lágrimas de felicidade caindo-me dos olhos. Quase nem dá por isso o teu olhar cansado nem a distância da tua ausência. Tão longe nos encontramos que estamos cada vez mais perto, a fragilidade das tuas mãos entre os meus dedos. Parabéns pelo aniversário, Minha Mãe!

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