10 de novembro de 2004

Hei-de amar seja o que for

Ainda ontem. Os editores celebraram os 25 anos de actividade literária da António Lobo Antunes e foi lançado mais um romance seu. Contrariado, constrangido e todo coiso da vida o escritor lá foi participar na festa, embora manifestando-se desagradado. Apenas esperava que aquilo acabasse para ir escrever porque o que de facto lhe interessa, aquilo de que se alimenta, tudo aquilo para que vive é a escrita. Ninguém, em Portugal, escreve como ele e não há que duvidar porque ele mesmo o diz. Não está é para, com a idade que tem, ser exibido em exposições caninas, sentir que lhe exigem que ensine a língua portuguesa às crianças e que, com isso, salve o país.

Não precisa o homem que o celebremos, nem tão pouco o quer. Não precisará que lhe compremos os livros que escreve para que possa sobreviver. Dispensará os encómios, a crítica favorável, a independência de Luís Delgado. Bastar-lhe-á a pensão com que se aposentou, mesmo que não deva ser equiparada à de nenhum político de profissão. Seria desejável que viesse à rua por mais vezes, sem medo dos surtos de gripe e das alergias de Outono. Mas seja como for, aplaudam-se as poucas vezes em que o faz, espere-se-lhe pelos livros, façam-se votos para que continue a ter editor.

1 Comentários:

Às 11:33 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

Concordo inteiramente contigo! Lobo Antunes é um escritor fantástico... encara as exposições públicas da mesma forma que o meu filho encara a sopa... de nariz torcido!
Não consigo citar apenas um livo dele...

 

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