Álvaro Cunhal

Álvaro Cunhal completa hoje 91 anos de idade. Não vejo que o facto seja assinalado em cada esquina e nem esperava que o fosse Não se esperaria também que o país parasse ao meio dia, todas as pessoas se levantassem, houvesse palavras de circunstância, se batessem palmas.

Mas, no mínimo, Álvaro Cunhal é dono de uma bonita idade. E quantos ali chegam, figuras públicas ou não, são dignos da admiração e do respeito colectivos. Sejam doutores, tenham a escolaridade mínima obrigatória, sejam completamente analfabetos. É com o passado que aprendemos, é sobre o passado que construímos o futuro.

Depois, nos dias que passam, Cunhal não mete politicamente medo a ninguém. Recolhido dos olhares públicos não o creio internado em nenhum serviço de infecto-contagiosas. Suponho que não tenha lepra e que não seja portador de nenhuma doença transmissível, sexualmente ou não. Mas sei que foi um homem importante para que chegássemos aqui, porque acreditou e porque lutou por aquilo em que acreditava. Entendeu-o o malogrado Melo Antunes num momento irreversível de ruptura. Não ficaria mal que outros, que hoje vivem à sombra do orçamento, ao menos recordassem o aniversário do bisavô. Nem precisam de lhe enviar prendas!