O apito
A única pessoa que em Portugal assevera que o futebol profissional é uma actividade exemplar é o ex-major Valentim Loureiro. Mas, na sua modéstia, ele próprio se reclama um empresário de sucesso e um gestor de grandes competências e múltiplas capacidades desde que, em tempos idos e ainda na tropa, se iniciou em muito complicados negócios com batatas.
Tirando ele, toda a gente sabe o que é o futebol mesmo que se escuse a revelá-lo. É uma actividade sem nenhuma viabilidade económica, gerida por oportunistas e emigrantes no Luxemburgo, sem o menor aroma a qualquer tipo de desporto, carregada de calotes e não satisfazendo sequer os contratos com o Estado para pagamento das dívidas em atraso. Os políticos, estejam no poder ou na oposição, são fanáticos adeptos do futebol e adoram ver-se sentados nas tribunas ao lado de presidentes que tenham enriquecido à custa de falências, da venda de pneus ou até de baldes de plástico e esfregonas para limpezas domésticas. Empenham-se tanto que são capazes de faltar, sem aviso prévio, aos plenários da Assembleia da República para se deslocarem a Sevilha. E considerarem a actuação dos árbitros como o trabalho político de maior responsabilidade que alguma vez lhes foi confiado.
A arbitragem, por via do apito dourado, está de novo na crista da onda. E a forma como funciona no futebol profissional é um eloquente atestado da indiscutível isenção e do elevado rigor do suspenso presidente da Liga e dos métodos utilizados. Para começar e contra aquilo que um sensato pé descalço poderia supor, os árbitros não são sorteados para os encontros que dirigem. Ao invés, são nomeados, sem quaisquer restrições ou condicionalismos, a não ser o conjunto de regras a que a nomeação deve obedecer e que a restringem e a condicionam. Quer dizer, a Liga parte desde logo do princípio que os árbitros, mesmo pertencendo à mesma categoria, não são nem igualmente competentes, nem igualmente isentos e muito menos igualmente honestos.
Sendo uma verdade de La Palisse, o óbvio é que todos os árbitros pertencentes à mesma categoria, por direito próprio, estariam em condições de dirigir fosse que jogo fosse. Não se aceita sequer que a dificuldade dos jogos possa ser diferenciada e que, para além disso, um desconhecido observador possa, por si, atribuir-lhe um factor de dificuldade diferente. Depois cada observador é assim um género de D. Miguel, perfeitamente absolutista, sendo que os relatórios que emite nem sequer são públicos. Com tanto secretismo, com tantas regras arbitrárias, com tão ínvios trajectos que transparência se pode afirmar? Que exemplaridade pode invocar o exemplar presidente da Liga?
O futebol é a imagem do país que temos e a imagem do país não se pode confundir com a que o suspenso presidente da Liga pretende transmitir em relação ao jogo da bola. O futebol é como tudo o resto: uma balbúrdia. Uma casa sem rei nem roque. Uma actividade onde a vigarice largamente compensa e a construção civil especulativamente enriquece, sem pagar a ninguém.
Tirando ele, toda a gente sabe o que é o futebol mesmo que se escuse a revelá-lo. É uma actividade sem nenhuma viabilidade económica, gerida por oportunistas e emigrantes no Luxemburgo, sem o menor aroma a qualquer tipo de desporto, carregada de calotes e não satisfazendo sequer os contratos com o Estado para pagamento das dívidas em atraso. Os políticos, estejam no poder ou na oposição, são fanáticos adeptos do futebol e adoram ver-se sentados nas tribunas ao lado de presidentes que tenham enriquecido à custa de falências, da venda de pneus ou até de baldes de plástico e esfregonas para limpezas domésticas. Empenham-se tanto que são capazes de faltar, sem aviso prévio, aos plenários da Assembleia da República para se deslocarem a Sevilha. E considerarem a actuação dos árbitros como o trabalho político de maior responsabilidade que alguma vez lhes foi confiado.
A arbitragem, por via do apito dourado, está de novo na crista da onda. E a forma como funciona no futebol profissional é um eloquente atestado da indiscutível isenção e do elevado rigor do suspenso presidente da Liga e dos métodos utilizados. Para começar e contra aquilo que um sensato pé descalço poderia supor, os árbitros não são sorteados para os encontros que dirigem. Ao invés, são nomeados, sem quaisquer restrições ou condicionalismos, a não ser o conjunto de regras a que a nomeação deve obedecer e que a restringem e a condicionam. Quer dizer, a Liga parte desde logo do princípio que os árbitros, mesmo pertencendo à mesma categoria, não são nem igualmente competentes, nem igualmente isentos e muito menos igualmente honestos.
Sendo uma verdade de La Palisse, o óbvio é que todos os árbitros pertencentes à mesma categoria, por direito próprio, estariam em condições de dirigir fosse que jogo fosse. Não se aceita sequer que a dificuldade dos jogos possa ser diferenciada e que, para além disso, um desconhecido observador possa, por si, atribuir-lhe um factor de dificuldade diferente. Depois cada observador é assim um género de D. Miguel, perfeitamente absolutista, sendo que os relatórios que emite nem sequer são públicos. Com tanto secretismo, com tantas regras arbitrárias, com tão ínvios trajectos que transparência se pode afirmar? Que exemplaridade pode invocar o exemplar presidente da Liga?
O futebol é a imagem do país que temos e a imagem do país não se pode confundir com a que o suspenso presidente da Liga pretende transmitir em relação ao jogo da bola. O futebol é como tudo o resto: uma balbúrdia. Uma casa sem rei nem roque. Uma actividade onde a vigarice largamente compensa e a construção civil especulativamente enriquece, sem pagar a ninguém.
1 Comentários:
Pouco mais que baratas. Ricas, mas mesmo assim baratas…
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