A estatura menor da classe política
José
Hermano Saraiva morreu ontem e foi enterrado hoje. Este curto intervalo bastou
para trazer à superfície a estatura menor da nossa incrível e ignóbil classe
política. Neste mesquinho país de Eça houve quem logo confundisse toucinho com
velocidade, que o mesmo é dizer história com política. O que antes de tudo se
invejou em José Hermano Saraiva foi a sua excecional capacidade de comunicação
e de transmissão de conhecimentos. Muitos tivesse havido como ele, em português
e em matemática, por exemplo, e outros teriam sido os resultados àquelas
disciplinas. Mas a mediocridade sempre detestou tudo, desde que pelo menos
fosse suficiente. Por exemplo, a pretexto do rigor histórico, como se a
história fosse uma ciência exata e o seu rigor se pudesse medir com a precisão
de um cronómetro suiço.
Depois
pelas opções políticas, que sempre assumiu, sem procurar a unanimidade. E,
lembre-se, opção política não tem que ver com inteligência. Pelo menos nunca
ouvi dizer que os dirigentes do III Reich, enforcados em Nuremberga, fossem
simultaneamente criminosos de guerra e atrasados mentais. Algumas figuras
públicas menores, como Alberto Martins, protagonista de um conhecido incidente
ocorrido em Coimbra quando Saraiva era ministro da educação, escusou-se a
pronunciar-se sobre a morte do homem. Como se lhe pedissem um voto político. A
discordância do Dr Alberto Martins não é, asseguro-lhe, menor do que a minha.
Mesmo que eu pergunte que dívidas, se algumas, tem o país para com ele enquanto
político, deputado e ministro. Sabendo-se antecipadamente que nenhumas, bem
pelo contrário.
De
resto poderia José Hermano Saraiva defender um tiranete como o Dr Salazar. Ditador
e inteligente, diga-se ao intrépido Martins. Como acontece com muitos que se
sentam em São Bento e que se dizem do centro, do centro-direita, mas nunca
tiranetes ou aspirantes. Neste país até o Dr Alberto João, o da Madeira, é um
democrata, pelo menos enquanto não houver um mínimo de bom senso, e se conceda
a independência à ilhota. Apenas porque se diz que foi eleito. Como Putin ainda
recentemente o foi na Rússia, para apoiar o regime democrático da Síria!
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