25 de setembro de 2012

Madrid – 25 de Setembro


A repressão e a violência nunca foram indício da força da razão. A manifestação de hoje em Madrid que, por detrás de barreiras de proteção, cercou o parlamento, deu origem a cargas policiais violentas. A repressão violenta faz nos lembrar épocas não muito distantes e personagens de triste memória. Tanto em Espanha como em Portugal.

Mas fica claro que há razões para levar os gregos à rua e para que, em circunstâncias idênticas, portugueses e espanhois façam o mesmo. Por um lado as medidas ditatoriais de austeridade impostas aos respetivos povos, mais do que imorais, são um autêntico esbulho. Que reduz salários por um lado e aumenta impostos por outro, a mando de amanuenses ao serviço da alta finança e da sua ganância sem limites e sem lei.


Pior do que isso, sem que se alcancem os objetivos previstos. A dívida pública atinge valores que nunca tocou, o consumo decresce, as receitas fiscais caem. O desemprego continua a aumentar, a crise é invocada em vão e as razões que lhe estão subjacentes nem ao de leve são referidas. Os responsáveis são conhecidos mas não se vai esperar que se denunciem. E não se vê nenhum caminho de retorno. Nem sequer nas simulações com que o ministro das finanças se vai entretendo, utilizando uma folha de cálculo. Quando qualquer sensata dona de casa, sem recurso a novas tecnologias, chegaria a conclusões mais reais, mais objetivas e mais rápidas.

O direito à indignação foi em tempos invocado por alguém. E a indignação saiu à rua e vai voltar a fazê-lo. Talvez, coisa rara, conseguindo ser um factor de aglutinação dos novos descamisados da Europa e esta, finalmente, mostra-se nas ruas. Quando se desmembra na ostentação dos gabinetes e nas casas fortes da banca.

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