Madrid – 25 de Setembro
A
repressão e a violência nunca foram indício da força da razão. A manifestação
de hoje em Madrid que, por detrás de barreiras de proteção, cercou o
parlamento, deu origem a cargas policiais violentas. A repressão violenta faz
nos lembrar épocas não muito distantes e personagens de triste memória. Tanto
em Espanha como em Portugal.
Mas
fica claro que há razões para levar os gregos à rua e para que, em
circunstâncias idênticas, portugueses e espanhois façam o mesmo. Por um lado as
medidas ditatoriais de austeridade impostas aos respetivos povos, mais do que
imorais, são um autêntico esbulho. Que reduz salários por um lado e aumenta
impostos por outro, a mando de amanuenses ao serviço da alta finança e da sua
ganância sem limites e sem lei.
Pior
do que isso, sem que se alcancem os objetivos previstos. A dívida pública
atinge valores que nunca tocou, o consumo decresce, as receitas fiscais caem. O
desemprego continua a aumentar, a crise é invocada em vão e as razões que lhe
estão subjacentes nem ao de leve são referidas. Os responsáveis são conhecidos
mas não se vai esperar que se denunciem. E não se vê nenhum caminho de retorno.
Nem sequer nas simulações com que o ministro das finanças se vai entretendo,
utilizando uma folha de cálculo. Quando qualquer sensata dona de casa, sem
recurso a novas tecnologias, chegaria a conclusões mais reais, mais objetivas e
mais rápidas.
O
direito à indignação foi em tempos invocado por alguém. E a indignação saiu à
rua e vai voltar a fazê-lo. Talvez, coisa rara, conseguindo ser um factor de
aglutinação dos novos descamisados da Europa e esta, finalmente, mostra-se nas
ruas. Quando se desmembra na ostentação dos gabinetes e nas casas fortes da
banca.
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