Fez ontem 23 anos que te matei
Fez ontem 23 anos que te
matei. Logo ao início da manhã, sem premeditação, de forma espontânea, de um
golpe único e fatal, que te deixou meio esquartejado, amputado de um bocado
importante de ti, sendo como a lagartixa, “lagartixa para além do rabo, remexidamente”.
Ontem até a efeméride me
passou em claro, sem ter ido levar-te à última morada um ramo de rosas,
ecologicamente verde, dos espinhos dos caules às pétalas perfumadas da corola.
Mas faço-o hoje, e curvo-me respeitosamente pela morte que te desejo, para
sempre. Ao incentivo que levo a todos para que cada um te assassine e leve
também à morte quem te fabrica, quem te empacota e quem te vende em maços de 20
unidades ou em pacotes de 50 gramas. Mesmo que com isso se prejudique o orçamento
do estado e os accionistas das tabaqueiras.
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