26 de agosto de 2016

Hoje queria escrever-te

Hoje queria escrever-te. Escrever-te uma carta nocturna que aproveitasse esta intimidade do luar, a diluir-se no escuro que acompanha a lua nova. Que transbordasse de ternura e que fosse só silêncio, atrás desta cortina de nuvens que esconde o cintilar de todas as estrelas. Escrita numa caligrafia perfeita, com a elegância do cursivo inglês, exibindo a firmeza da mão que a desenha e a certeza convicta de tudo o que tenho para dizer-te. Uma carta em que as palavras saltassem das margens, como se fossem as águas de um rio a ocupar todo o espaço em volta. E que, apesar disso, não deixassem uma mancha ou uma marca ligeira no branco imaculado do papel. Uma carta que não precisasse de leitura porque, de facto, ela não precisa nem de palavras, nem de sons, nem de voos de pássaros que a traduzam para um qualquer dos dias do ano. Precisa apenas de saber dos teus olhos tranquilos durante o sono, sonhando a esperança e esperando pelo sol doce da alvorada.

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