Eleições autárquicas
Fui votar. Era meio dia. A afluência era bastante e as bichas de espera em frente às secções de voto cresciam. Mas quase tudo gente de meia idade para cima, bastante para cima. São eles, gente velha e sem emenda, que querem mudar o mundo. Os outros, os de meia idade para baixo, bastante para baixo, querem que o mundo vá para Vila Real de Trás-os-Montes, para a Avenida de Carvalho Araújo. Ora bem!
Calhou-me uma mesa só de
anas, que não se meteram comigo, uma até me foi buscar um banco onde me pudesse
sentar e continuar a refletir, aguardando pela minha vez. Deram-me três papeis
de cores diferentes: um branco, um amarelo e outro verde. Para que, depois de
feita a cruzinha, ou sem ter feito nenhuma ou de ter feito muitas, dobrasse
cada um deles em quatro e os metesse nas caixas da cor correspondente. Reclamei,
duplamente: ó menina, se são três papeis como é que os dobro em quatro? E como
é que meto cada um na caixa da cor correspondente se for daltónico? Menina simpática,
menina disponível para ajudar a dobrar os papeis e a escolher a caixa da cor
certa. Não quer que lhe faça as cruzinhas no sítio certo, até tenho a caneta
aqui à mão?
Muito obrigado menina, agradeço-lhe muito a atenção, como se me tivesse ajudado a calçar as meias, mas sou muito tradicional, sou muito à moda antiga. Nisto de canetas, cada um usa a sua, mesmo que não acerte no penico. Guarde a sua para mais tarde ou para melhor oportunidade. Assim por assim o presidente da câmara já vai para a reforma, tratar dos netos e gerir a magra pensão de subsistência, para saber o que custa a vida. Quanto ao resto, nem faço ideia de quem sejam os candidatos à assembleia de freguesia ou à assembleia municipal.
Tenham um bom dia e façam um
bom trabalho. E ao almoço afinfem-lhe nas tripas à moda do Porto. No dia vinte
e cinco já nos encontramos de novo, para eleição do regedor da segunda circular,
a caminho da mouraria. Amén!