28 de maio de 2006

Futebóis

Isto tem que ser rápido. Mas hoje não resisto a este fervoroso apela patriótico que me invade e me causa calores como fêmea em período de menopausa. Depois do duche semanal, da mudança de cuecas e da ida à missa a ouvir a prelecção do que sobra do pároco, tinha que passar por aqui. Por causa do professor Agostinho Oliveira, seleccionador nacional de futebol sub-21, a quem o Sr Scolari não conta dos assédios sexuais que sofre, das namoradas que tem e das quecas que dá. O professor Oliveira é o único que ainda acredita que Portugal pode esta tarde garantir a passagem às meias finais do europeu de sub-21, que Mário Soares pode ir à segunda volta das presidenciais se for feita uma recontagem de votos e que el-rei D. Sebastião há-de regressar, herói, macho e vitorioso da sua campanha de Álcacer-Quibir.

E, nesse sentido, tem tido nos últimos dias da semana a árdua tarefa de conter os ânimos guerreiros dos seus pupilos, incutindo-lhes nas cabeças ocas a verdade de que basta ganhar à Alemanha por uma diferença de três golos e que nada acrescenta ganhar por dez como é determinação dos rapazes. Bem lhes tem recomendado isso, no sentido de poupar energias para a semi-final a que o primeiro-ministro já prometeu assistir, empunhando uma bandeira nacional adquirida num armazém chinês da recta do Mindelo. Imbecil o comentário de um jornalista vendido, daqueles que o também professor Carrilho incluiu no seu índex pessoal e que nem o técnico de marketing Emídio Rangel se atreveria a nomear adido cultural junto da embaixada em Londres. Quando se perguntou como tendo a selecção sub-21 de todos nós e do professor Oliveira perdido por um a zero com a França e por dois a zero com a Sérvia-Montenegro iria ganhar por três a zero à Alemanha. O ignorante, descendente de Miguel de Vasconcelos mas não colega de escola de Lili Caneças. Então ganhar por três a zero é apenas o oposto de perder por três a zero. Estúpido!