31 de agosto de 2005

Para a política serve tudo

Esta manhã, no Porto, a pé, Rua da Escola Normal abaixo, Rua da Escola Normal acima, matutando com os meus botões. Pensando bem não há profissão menos exigente, em todos os sentidos, do que a política. Todas as qualificações se enquadram no perfil, todo o bicho careta serve! Como diziam os velhos da minha freguesia, na primeira metade do século passado, fulano de tal não prestava para o trabalho, não sabia fazer nada, tinha ido para Lisboa, andava pela política. Entretanto pouco ou nada mudou - e nada para melhor! - a não ser que Eça morreu e se lhe perdeu a pena ágil e a ironia feroz.

Se bem atentarem nisso um serralheiro serve para deputado mas um deputado não serve para serralheiro. Um advogado serve para deputado às assembleias municipais, vereador, presidente de câmara, deputado, secretário de estado, ministro e até presidente da república como Jorge Sampaio. O distinto José Guilherme Aguiar serviu até para director dos futebóis de Valentim Loureiro - um militar que também serve para tudo, incluindo a política - e para presidente de junta de freguesia. A esta faculdade o código do trabalho de que Bagão Félix é pai extremoso chama polivalência. O cidadão comum e bronco chama-lhe, em português escorreito, vigarice.

Entre os 230 deputados à Assembleia da República que, segundo eles e as leis que eles fizeram, nos representam, há quase de tudo. O Partido Comunista, despudoradamente, chega ao ponto de ter um afinador de máquinas que para além de deputado é secretário-geral, um trabalhador agrícola e, inevitavelmente, uma fila indiana de licenciados em direito. O Partido Popular, que já deu pelo nome de CDS, tem licenciados em direito que vão de Álvaro de Castello com dois eles tracinho Branco, que acumula com um João Semana de meio curso, a Teresa Caeiro que já foi chefe de gabinete, governadora civil, secretária de estado descartada à última hora e secretária de estado a tempo inteiro, com chefe de gabinete, contínuo e motorista fardado sem horas de saída.

Nos pequenotes, na chamada esquerda caviar - ou que aviar? - há filólogos, sociólogos, historiadores, economistas, cursos gerais e complementares dos liceus e do comércio, complementares dos liceus e licenciaturas em direito. Nos grandes, naqueles que entre si garantem a alternância democrática ou o exercício bipartido da ditadura por períodos de quatro anos, há engenheiros, licenciados em direito, desistentes do ensino superior, licenciados em relações internacionais habilitados com o 12º ano que são também docentes universitários, licenciados em marketing, em farmácia, diplomados com o magistério primário, licenciados em ciências da comunicação.

Claramente que um deputado não sabe nem afinar máquinas nem sachar batatas. Do mesmo modo que não está habilitado a defender o Bibi nos processos de pedofilia de que é acusado nem a leccionar filologia, história ou sociologia. Não está também apto a relatar os episódios da voltinha a Portugal como o meu amigo Ribeiro Cristóvão - parabéns pelo sucesso no exame António! - nem a dar aulas no ensino superior como António José Seguro. Mas qualquer cavador serve para a política, dependendo da enxada. Ah, e do padrinho!

30 de agosto de 2005

O monte alentejano

Tanto quanto me recordo António Vitorino renunciou ao cargo de ministro que ocupava no governo Guterres em consequência de um qualquer esquecimento relacionado com a sisa devida na aquisição de um pequeno monte alentejano.

Sempre me habituei a vê-lo, para além de pequeno, como inteligente, dinâmico e - coisa rara! - Intelectualmente honesto. Atribuí o facto a um qualquer descontrolado pormenor, que não o esquecimento, e registei o facto de se ter demitido. Elogiaram-lhe posteriormente o desempenho como Comissário Europeu exceptuando, por razões expostas, o submisso anfitrião das Lages.

Não compreendi que tivesse depois recusado tudo, excepto umas espúrias Notas Soltas na querida televisão de serviço público onde, segundo creio, passa recibo verde pela assessoria jurídica. Como não tenho pachorra, não assisto ao dito programa nem a nenhum outro sobre este famigerado mundo político que nos cerca.

Ontem, apesar de tudo, ainda o ouvi afirmar e repetir que, como se sabe, as candidaturas presidenciais são actos individuais. Continuo a considerar António Vitorino um homem pequeno, mas menos inteligente e menos dinâmico. E, coisa frequente, intelectualmente pouco honesto na referência!

A urgência do aborto

Se este país não existisse tinha que ser inventado. Pelas mais variadas e antiquíssimas razões, a começar por D. Afonso Henriques e a terminar no celebérrimo José Castelo Branco. O primeiro, como se depreende, não teria tido nenhuma notoriedade, teria deixado Lisboa eternamente entregue aos mouros, Pedro Santana Lopes não teria sido primeiro-ministro, o Benfica nunca teria tido Manuel Damásio por presidente e o seu estádio nunca teria incluído uma capelinha das aparições. Quanto ao segundo viveria eternamente amarrado ao vulgar nome de José, não teria sobrevoado o Atlântico para aterrar em Nova Iorque e conhecer a sua Betty, nunca teria sido marchand de arte e muito menos apresentador de televisão. Muito provavelmente nunca teria sequer usado cuecas, mesmo sem marca e feitas de pano cru como as que antigamente produziam as Oficinas Gerais de Fardamento.

E senão vejamos! O país, ao menos geograficamente, ainda existe. De pousio, entregue aos incêndios e ao projecto de constituição europeia, sem banco emissor e com o Sporting afastado da Liga dos Campeões. A população vai diminuindo, não por força da emigração para o centro da Europa, mas pela redução do índice de natalidade, do progressivo envelhecimento e da morte nas estradas, sejam estas propriedade do Estado ou entregues ao liberalismo voraz do grupo Mello. O défice nem sequer é compensado pelos ciganos que nos chegam da Roménia, profissionais da mendicidade e do assalto aos terminais do multibanco. Tão pouco pelos chineses, diligentes e numerosos como formigas, incansáveis a abrir restaurantes e lojas de vender bugigangas que toda a gente compra e que, de facto, não servem para nada.

E de nada vale que, sensatamente, a igreja católica apele cada vez mais ao velho hábito de fazer filhos em casa em vez de ver telenovelas e prestar atenção às calhandrices das celebridades do jetset da linha. De nada vale mesmo que o patriarcado condene o uso do preservativo e a Santa Sé abjure a pílula do dia seguinte ou a prática do aborto. O país vive imbecil e feliz como se fosse uma das sete maravilhas do mundo, dizendo disparates e indo à televisão para as mesas redondas da Fátima Campos Ferreira. Os telejornais abrem com o regresso do primeiro-ministro da sua visita, oficial, ao jardim zoológico do Quénia, com o número de bombeiros e de camionetas colocados no combate ao descontrolo dos fogos e ainda com o gravoso problema que é a urgência que deve ser posta na realização de novo referendo sobre o aborto.

O país, deixem-me repeti-lo, é como os problemas: um e outros têm de ser inventados. Porque um país que é este, plantado no extremo mais ocidental da Europa, que não tem mais nada com que se preocupar senão com a regulamentação legal do aborto, é um país virtual, definitivamente varrido pelo furacão tecnológico dos últimos quatro meses. Nem Katrina nem meia Katrina! Furacão, verdadeiro e único, é este. Continuaremos a ver a população a envelhecer, sem estruturas, públicas ou privadas, que a acolham, sem cuidados de saúde, sem abrigo decente, sem sanitários e sem dignidade. Mas tendo as caixas de um computador fabricado algures em Singapura empilhadas no canto de um curral abandonado, que igualmente sirva de latrina virtual. Mesmo que não tenha telefone, mesmo que não tenha médico na freguesia, mesmo que não tenha cagadeira!

29 de agosto de 2005

GNR recruta teclistas

Antigamente os soldados da GNR eram recrutados com esmero, obedecendo a regras rígidas e imutáveis, não podendo ser parentes do senhor D. Duarte Pio de Bragança até à ínclita geração e repudiar com a maior firmeza todas as ideologias comunistas ou afins, mesmo que pudessem ser defendidas nas homílias de domingo pelos párocos de província e pelo senhor Cardeal Patriarca de Lisboa.

Só de olhar para eles a gente atemorizava-se e fugia, o que lhes poupava imenso tempo, muito trabalho e alguns dissabores à conta de meia dúzia de intrometidos ditos jornalistas do reviralho e do bota-abaixo. Todos pareciam, inevitavelmente, ter já nascido de bigode farfalhudo e revirado, calçando botas cardadas, de cano alto, sempre a brilhar no meio dos lameiros de inverno e dos caminhos poeirentos que levavam às romarias do 15 de Agosto.

Os elementos da GNR não montavam equídeos, a que chamavam cavalos. Tratavam deles, davam-lhes palha, escovavam-nos, aparelhavam-nos e subiam-lhes para o dorso, com a ajuda do estribo. Depois deixavam-se ir, segurando-se para não caírem. Os cavalos, como eles, parecia já ter nascido ferrados, não precisavam que o cavaleiro os atirasse para cima dos amotinados da bola ou dos perigosos oposicionistas do regime. Consta até que Álvaro Cunhal se terá evadido do forte de Peniche para não sentir o peso das ferraduras nas costas e que, senhor de mais recursos e melhores conhecimentos, Mário Soares conseguiu o exílio em S. Tomé à força da cunha, onde não havia nem GNR nem cavalos.

Com o advento do ministério Portas, um género de valente soldado Scheweik, o serviço militar obrigatório foi extinto, Portugal passou a recrutar mercenários voluntários para o Kosovo, o Afeganistão e até mesmo o Iraque, a troco daquilo com que antigamente se compravam os melões em Almeirim e ainda do bom nome do país, da memória de D. Pedro V e do respeito que se deve à coragem de Fuas Roupinho e à honestidade de Egas Moniz. Quanto aos melões passaram a chegar-nos de Espanha, com as cores portuguesas na etiqueta e a surpresa do preço no curto silvo electrónico das caixas registadoras.

Entretanto tudo mudou. Depois do ministério Portas o único militar de que o país dispõe é o general Loureiro dos Santos, na reserva, a quem as diversas televisões muito pouco tempo deixam para as guerras e para a antevisão atempada dos conflitos do próximo milénio, tanto o ocupam na explicação das tácticas de Alexandre o Grande, de Napoleão Bonaparte e do Santo Condestável que Deus tenha. Ao mesmo tempo que se acabava com o serviço militar obrigatório, com o qual o país não era nem mais, nem menos do que é com os paisanos da política que o decompõem, impunha-se que cada candidato a GNR tivesse previamente cumprido dois anos de serviço militar, nem que tivessem sido como auxiliares do oficial capelão, a ajudar à missa e a guardar os paramentos nas improvisadas sacristias.

Em dois anos os candidatos que se apresentaram a concurso desceram de 16 para pouco mais de dois mil e, destes, setenta e cinco por cento reprovaram nas provas de cultura geral a que foram submetidos. Muitos houve que confundiram a imagem de um cilindro com uma medida de litro sem asa, outros que não souberam dizer qual o primeiro nome do primeiro-ministro José Sócrates, e alguns ainda que julgavam estar a concorrer para teclistas ou baixos e não para agentes de mandar soprar no balão!

25 de agosto de 2005

Burkina-faso

A sanção aplicada a Amadou Congo Ouedraogo (Alcino Cruz, em português) por conduzir numa auto-estrada a 224 quilómetros por hora em 2002 prescreveu devido à lentidão da justiça. Por esta violação do Código da Estrada, Amadou Congo Ouedraogo (Alcino Cruz, em português) nunca teve que pagar qualquer multa ou cumprir a pena aplicada. O caso remonta a Setembro de 2002, quando Amadou Congo Ouedraogo (Alcino Cruz, em português) foi apanhado a conduzir na A6 Bobo-Dioulasso-Kaya, (Lisboa-Elvas em português) a 224 km/h, o que é uma contra-ordenação muito grave (expressão sem equivalente em português). Três meses depois da infracção, foi-lhe aplicada uma multa de 360 euros e inibição de conduzir por 60 dias. Amadou Congo Ouedraogo (Alcino Cruz, em português) recorreu imediatamente da decisão para o tribunal de Koudougou (Elvas em português). Só oito meses depois - em Setembro de 2003 - este tribunal de primeira instância rejeita o recurso. Amadou Congo Ouedraogo (Alcino Cruz, em português) recorre para o Tribunal da Relação de Tenkodogo (Évora em português). A decisão da Relação chega mais de um ano depois, em Novembro de 2004: "Dado que já decorreram mais de dois anos desde a data da consumação da contra-ordenação, 20 de Setembro de 2002, o procedimento contra-ordenacional está extinto por prescrição." (expressão sem correspondente em português) O processo foi várias vezes noticiado pela comunicação social (vulgo, Luís Delgado em português). Apesar de ser presidente da Associação Portuguesa das Escolas de Condução, (Estabelecimento Prisional do Vale de Judeus, em português). Amadou Congo Ouedraogo (Alcino Cruz, em português) assumiu o excesso de velocidade praticado, mas alega que o seu carro topo de gama (modelo não comercializado em Portugal) oferece segurança e que na altura não havia quase ninguém a circular na via. Num dos recursos que interpôs, Amadou Congo Ouedraogo (Alcino Cruz, em português) considerou mesmo que o comportamento perigoso foi praticado pela polícia (espécie extinta em Portugal desde meados do século XX), quando o mandou parar na auto-estrada para o interceptar.

[Tradução livre de um analfabeto curioso por impedimento temporário do senhor Vasco Graça Moura, ausente em serviço no Burkina-Faso]

24 de agosto de 2005

Liga dos Campeões

Só esta manhã, ao ouvir Dias da Cunha, presidente em exercício do Sporting - instituição sem dívidas ao fisco! -, proprietário de quatro avantajadas mansões, de oito acanhados andares do tipo duplex, de doze automóveis de alta cilindrada e de quatro ex-mulheres com direito a pensão de alimentos, percebi porque razões a Udinese impediu a equipa verde e branca de chegar à badalada Liga dos Campeões.

No jogo da primeira mão, em Lisboa, a Udinese não fez nada para ganhar e ganhou. Diferente sorte teve no fim de semana passado o simpático Belenenses que fez muito mais por ganhar, segundo a perspectiva do visionário Peseiro, e perdeu. O que confirma a inflexível filosofia portuguesa, instituída na idade média e fortemente dinamizada com o advento da democracia, do afastamento dos militares da cena política e da oficializada candidatura de Jerónimo de Sousa à ocupação, por dez anos, da moradia familiar adjacente ao Museu Nacional dos Coches. Em Portugal quem ganha é quem invariavelmente não faz nada para isso, faz vida de calaceiro, frequenta o Gambrinus e passa segredos de estado ao transumante professor Marcelo, em papel timbrado do ministério.

Ontem a cena repetiu-se e em Udine, cidade onde nem Cristo passou, apesar da igreja e do pároco, o Sporting foi remetido para a Taça Uefa que, por simples questão de cortesia, a época passada a perdeu no seu estádio em benefício do desenvolvimento das relações luso-russas e das trocas comerciais entre os dois países. Com as balizas grosseiramente fora do lugar os italianos mandaram duas bolas aos ferros, uma, displicentemente, de calcanhar. Depois um gajo com quase três metros de altura foi rasteirado no círculo central, correu por ali abaixo aos tropeções, caiu na marca da grande penalidade e o árbitro, um viking vindo dos fiordes noruegueses, assinalou o castigo máximo. Sentindo-se injustiçado o grande Ricardão atirou-se para o lado contrário só para chatear o sacana do italiano. Ainda não satisfeito, porque elas não matam mas doem, Ricardo mostrou pouco depois a raça dos galináceos que produz, sem recurso a rações, libertos pela pradaria, óptimos para o arroz de cabidela, avinagrado à maneira.

Assim sendo, ao Sporting só falta alguma justa sorte. Assim uma sorte múltipla de ter um presidente que marcasse golos, um treinador que pusesse três pontas de lança em cima do guarda-redes adversário, um frangueiro que fizesse coincidir as folgas com os dias dos jogos e ainda uma Uefa qualquer que não nomeasse árbitros para os jogos, nem que fossem recomendados pelo apito dourado!

23 de agosto de 2005

Estes gauleses são doidos

Três patrícios do Astérix, devoradores de javalis, terror dos romanos e bombeiros de profissão, meteram-se em boa. Tomaram a parte pelo todo e pensaram que em Coimbra, ontem, alguém decidira sobre qualquer tipo de solidariedade a prestar às diversas vítimas dos incêndios.

E se bem o pensaram, melhor o fizeram. Entraram de férias, envergaram as fardas, meteram o equipamento na mochila e rumaram a Portugal. Com ideias simples: só vinham para ajudar. Mas Portugal, desconheciam-no eles, é pobre, arde todos os anos um bocado para atestar a sucessiva incompetência dos governos, mas é senhor do seu nariz. Da mesma maneira que se marimba nos seus governos.

Daí que entrar em Portugal, simplesmente para ajudar, seja uma tarefa complicada. Caso se tivessem decidido pela invasão, tomar Almeida, descer ao Vale do Tejo e acampar em Almeirim, tudo teria sido mais fácil. Ter-lhes-ia sido servida uma saborosa sopa de pedra, secretos de porco preto com batatas fritas e salada de alface e, como sobremesa, o soberbo melão de casca amarela, importado da Andaluzia.

Assim não! Tiveram que exibir passaporte, invocar o embaixador, solicitar a presença do cônsul, exibir a mangueira e mostrar as luvas de trabalho, arranjar quem se responsabilizasse pela qualidade da sua ajuda. Exigiram-lhes licença de trabalho, mandaram-nos comprar um prontuário da língua portuguesa, remeteram-nos para uma escola a aprender português onde, como se sabe pelas estatísticas do ministério da educação, não terão sucesso. Finalmente o ministro Costa, por despacho, garantiu que havia meios suficientes e mandou que fossem recambiados. Tanto mais que já propôs a construção de um avião europeu que vai solucionar todos os incêndios, seja Verão ou seja Inverno. Que ele não brinca nem em serviço nem nas ausências e impedimentos do primeiro-ministro. Mesmo que seja para o nobre entretenimento de um qualquer safari africano!

22 de agosto de 2005

A nova moeda

Portugal abandona o euro e adopta a palavra de solidariedade como moeda, depois de uma reunião em Coimbra, entre o primeiro-ministro e o governador civil que, na oposição, o partido do governo dizia não servir para nada, como de facto não serve. A decisão é surpreendente, mesmo neste país em que nada surpreende e onde, para além dos tempos e das vontades, e das moscas, nada mais muda.

A renúncia à moeda única permitirá desapertar o cinto a abades, construtores civis, deputados a aguardar reinserção e ministros à espera de lugares de confiança política nas administrações das empresas públicas. A medida deverá ainda permitir a descida das taxas do Iva para facilitar aos agricultores a concorrência com o tomate espanhol e a uva chilena. A nova moeda, espera-se, poderá mesmo valorizar-se a um ritmo superior ao aumento do barril de petróleo e não será preciso esperar por um novo rei saudita para que a TAP apresente resultados positivos. Bastará o brasileiro Fernando Pinto e a sua equipa. A libra esterlina, de sua majestade e do senhor Blair, resultará irremediável e quimicamente feita em merda.

A nova moeda será utilizada de imediato em benefício dos mais atingidos pelos incêndios: os agricultores com os campos deixados de pousio, os donos da floresta que a não limpam nem a abatem e os proprietários de casas de férias no cimo dos montes e no meio dos pinhais, com piscinas vazias onde nem o balde de plástico pode ser abastecido.

Assim um pouco à maneira dos amigos do Luís Pacheco, haverá palavra de solidariedade de primeiro-ministro - a utilizar pouco como o surrealista utilizava os préstimos de Manuel Vinhas -, de ministro, secretário de estado, assessor, porta-voz, administrador da Caixa Geral de Depósitos, presidente de junta de freguesia e consultor jurídico da SAD do Benfica. Os prejudicados sentir-se-ão totalmente ressarcidos dos prejuízos e depositarão, voluntariamente e com um garrafão de tinto a tiracolo, o voto na filosofia do Carrilho para a cidade de Lisboa, do Assis para a santificação do Porto e na sofreguidão jurídica do Soares para alimentação do filho e instrução dos netos.

Tanto o fumo nos invade os pulmões e o cheiro a pólvora queimada empesta os ares que tudo só pode ser das romarias de Verão. É do hábito, porque se a gente tivesse aviões em vez de submarinos nem se dava tanto por isso.

19 de agosto de 2005

Campeonato nacional de futebol

A designação que claramente diz do que se trata, mesmo se se tiver reprovado à disciplina de língua portuguesa do 9º. ano, é Campeonato nacional de futebol da I divisão. Depois da aparição da chamada Liga Portuguesa de Futebol Profissional - num pobre prédio da Rua da Alegria, na cidade do Porto, como se fosse a Cova da Iria! - já se chamou campeonato da I liga, superliga galp energia e, a partir deste ano e durante quatro épocas, vai chamar-se Liga BETandWIN.com.

O comunicado oficial diz aquilo a que nos habituaram todos os comunicados oficiais: nada. Sempre foi assim. Já quando o vigarista português de renome internacional, Artur Virgílio Alves dos Reis, mandava imprimir notas do Banco de Portugal, em Inglaterra, aquela instituição vinha, pressurosa, desmentir que houvesse demasiado dinheiro em circulação e garantir que não havia nem falsificações, nem falsários.

Segundo por aí corre, a empresa patrocinadora do campeonato português é uma empresa de jogos em linha, que se não sabe onde mora, que meio de transporte utiliza, que documento de identificação apresenta. E não se sabe também se, como o foragido Bin Laden, se faz fotografar ao lado de uma Kalashnikov de coronha envernizada ou sentada à mesa de uma esplanada, com a exilada política Fátima Felgueiras em frente, em Copacabana, saboreando a frescura de uma caipirinha e esperando pela Câmara de Felgueiras servida numa bandeja de prata alemã.

Mas quero deixar uma sugestão: o ministério da defesa, mesmo divorciado do patriota Portas, deve ser o próximo patrocinador do campeonato nacional de futebol. E este chamar-se, por exemplo, LIGA negóciodebatatas.com. Com receitas cobradas à comissão, mas em dinheiro vivo! O crédito mal parado, segundo a banca em crise, não aconselha que se fie a ninguém!

18 de agosto de 2005

Aviso a tempo por causa do tempo

Gente boa, gente amiga tem-me advertido para o facto da eventual visita a este desinteressante recanto activar uma série interminável de janelas de todo indesejáveis. Agradeço a toda essa gente pelo aviso e viro quase possesso quando concluo pela minha incapacidade para resolver o problema.

Porque, caramba! Vem um gajo aqui de quando em vez escrever meia dúzia de merdas com pouco ou nenhum interesse, fá-lo a correr e descuidadamente, que o tempo é curto e voa, congratula-se com o facto de não ter que seguir o rumo editorial prescrito por directores e chefes de redacção, mantém uma independência que supera a do director do Público, mesmo que fique aquém da do Luís Pacheco. E depois surgem do espaço, sem se saber nem como, nem de onde, uns bardamerdas a emporcalhar a puta da pantalha como se fosse a casa deles e pagassem pontualmente a fortuna que me leva o batráquio ADSL por uma ligação que não vale um corno.

De forma que me vou à coluna da direita, onde figura uma série de paneleirices e vai tudo na enxurrada exceptuando, para já, as ligações que creio não estarem desde logo a ter culpas no cartório. Se não resultar mesmo elas seguirão o mesmo caminho. O assunto, porra, há-de ser resolvido. Nem que isso me obrigue a votar no Dr Soares para a Assembleia Municipal de Lisboa!

17 de agosto de 2005

O país suspenso

Portugal é, para o bem e para o mal como nos casamentos, um país suspenso. Suspenso do tecto como os candeeiros, suspenso da corda como os enforcados de Nuremberga. Nasceu assim, suspenso das intrigas e desavenças de D. Afonso Henriques com a sua excelsa mãe D. Teresa e suspenso ainda do respectivo desfecho, do reconhecimento da independência e da conquista da cidade de Lisboa aos mouros. Que, segundo um autarca da margem sul do Douro, é tarefa que por elitismo sulista e liberal, se mantém também ainda parcialmente suspensa.

Viveu assim ainda a semana passada, suspenso da partida do primeiro-ministro para a floresta, envergando uma tanga que se diz ter sido usada por Tarzan. E assim se manteve, suspenso do aparecimento das orelhas de José Rodrigues dos Santos nos televisores e do início dos telejornais para saber novidades. Assim se mantém suspenso por cordéis velhos e esgaçados como o orçamento do estado que nos entra no bolso aumentando a receita no propósito suspenso - não se sabe de quê, nem com quê! - de com isso estancar o desenfreado aumento da despesa. E o país, de novo, se mantém suspenso na esperança de que os aumentos dos ordenados possam fazer baixar o preço da sardinha.

Como se isso não bastasse o país aumenta a libertação de adrenalina e suspende-se ainda mais. Do regresso casto, e virgem e triunfal de el-rei D. Sebastião de Àlcacer-Quibir, ainda com a espada ensanguentada suspensa da cintura. Da ladainha dos velhos do Restelo calcorreando todos os carreiros da Praça do Império e os passeios fronteiros ao Palácio de Belém. Da decisão imprevisível e demorada como parir de burra de Mário Alberto Nobre Lopes Soares - um plebeu do Campo Grande! - se candidatar à presidência da República. Ele próprio suspenso do vazio que é a falta de candidaturas à esquerda, que o mesmo é dizer de canhotos. Realmente um país assim nem suspenso seria. Seria era um país do caralho!

15 de agosto de 2005

A Voltinha

Um russo qualquer, de nome esquisito e 23 anos de idade, acaba de ganhar a Voltinha a Portugal em bicicleta. Uma prova curta, disputada em meia dúzia de etapas de pequena extensão, com um dia de descanso pelo meio, organizada pelo senhor João Lagos. Que também organiza torneios de ténis para jovens avós, partidas de rallies para os países da África central, provas de motonáutica, concursos de fados para amadores e provas de vinhos para bebedores de águas minerais. Diz ele, que sabe, que a prova dura poucos dias e em cada um deles se pedala pouco para reduzir as probabilidades de dopping. Coisa que aparece todos os dias nas longas etapas da Volta à França e na extensão de cada etapa que quase chega do Porto a Lisboa.

Ficou em segundo lugar um português, restando a sensação de que tudo tinha sido preparado à sua medida, por uma equipa que teria feito formação profissional junto dos profissionais do apito dourado. Não terá tido culpa o rapaz, apesar de ter reclamado sobre partes do curto percurso que se não adaptavam muito bem às suas características. O russo subiu a Serra a Estrela como se estivesse na Sibéria, aguentou o termómetro, não ouviu os apupos do público, meteu forte o pé ao pedal, acabou à frente.

Não precisou sequer de considerar a atitude imbecil da equipa da RTP que acompanhou a voltinha. Que dizendo-se de informação, desinformou até mais não, sendo provincianamente parcial, torcendo descaradamente pelo patrício, não conseguindo compreender que informar não é tomar partido. A mesma velha pecha de que padecem politicamente os párocos de aldeia quando dizem a missa em véspera de eleições.

14 de agosto de 2005

Fátima, ontem!

Ontem de manhã Fátima era um caudal de gente. Escorrendo, lento e viscoso, por todas as ruas sob uma canícula de mais de trinta graus, pouco depois das dez horas. Todos os peregrinos de misturavam no estranho folclore do regresso para férias, todas as religiões procuravam o mesmo refúgio à sombra das árvores que ladeiam o recinto. Tudo se vendia e tudo se comprava.

De terços para benzer, de madeira a madrepérola, Senhoras de Fátima de tamanhos e preços variados. Santos Antónios, de menino ao colo e hábito longo, sem nenhum cordel infame que lhes pudesse ser puxado pelas costas. Cauteleiros apregoando lotaria, popular ou clássica, ao preço das possibilidades de cada um e à medida das suas reais necessidades ou ambições. Ciganas de tez morena, cabelos compridos e roupas escuras lendo sinas, vendendo almanaques, Borda d'Água e Seringador. Cegos apoiados em bengalas, tinindo moedas de euro na lata destinada às esmolas esperadas, com segurança prudentemente reforçada por um cadeado comprado num loja dos trezentos. Barracas vendendo recordações e souvenirs e o mais que lhes chamam noutros dialectos dessa Europa por aí fora que não sei.

Velas de pôr a arder na manhã sem vento, vendidas ao preço do que se quiser dar e ainda a metro, de vinte centímetros à altura de uma tabela de basquetebol. Brinquedos artesanais feitos de madeira, coloridos como a romaria, de raparigas de blusas escarlates, barriga à mostra, dragão tatuado ao fundo das costas, os seios erectos nesta adoração ao sol que queima. Memórias que a Irmã Lúcia não escreveu e que, sob a azinheira, apareceram feitas livro. Santos, santinhos, pedintes espojados a todas as entradas e ladrões na mira do bolso onde a carteira tenha acoito.

Esplanadas cheias, cerveja jorrando por goelas secas fora das horas a que se recomenda vender álcool. Cachecóis do Benfica, fotografias dos três pastorinhos, camisolas do Cristiano Ronaldo, desenhos de Bordallo, canecas das Caldas, orações impressas, incensos para males de amor e extermínio de ratos. Água benta, como dantes, ao litro e ao quartilho. Restaurantes e tabernas de mesas postas, tendas montadas à sombra das azinheiras, caldeiradas de cabrito feitas em equipamentos de campismo. O suor, viscoso como a multidão, escorrendo pelos rostos, à mistura com o vinho que empurra o picante e a feijoada.

Impávida e serena a Senhora de Fátima exposta em montras e passeios, de tamanhos e materiais diversos, mantendo-se neutra, sem cachecóis ao pescoço e sem camisolas vestidas. A Cova da Iria é uma festa. A par com gente que caminha de joelhos, cumprindo promessas, a Ave Maria é recitada do altar em todas as línguas, de ocidente a oriente, de português a polaco. A peregrinação dá em desfile de automóveis novos, topo de gama, com matriculas estrangeiras, ar condicionado e ABS. E em negócio santo e santificado para tudo e para todos, com pessoas a falar francês de Aljustrel e português de não sei quê sur Marne. Ontem foi a do emigrante!

11 de agosto de 2005

Discussão pública

A banhos algures numa praia do sotavento, o ministro Mário Lino, entre um mergulho na maré baixa e uma exposição solar besuntado com bronzeador, parece ter afirmado que nenhum projecto teve a extensão e a profundidade da discussão pública do chamado aeroporto da Ota. Coisa de que, não sendo Mário Lino nem socialista nem ministro, o Zé povinho se não apercebeu. Mas, com o devido respeito pelo que restará das ossadas de José Estaline e pelas remotas recordações do sarrafo que usava o homónimo defesa direito do Sporting, Mário Lino trouxe ao velho partido do jovem Mário Soares uma evidente mais valia. A que decorre do exercício da democracia pela interposta prática da ditadura, uma tendência a que não consegue fugir nenhum político profissional que se preze, por mais liberal ou renovador que se diga.

De qualquer modo, e contrariamente ao que afirmou sobre os custos do Metro do Porto - em que se não verificam nem derrapagens nem desvios! - o ministro tem razão. A canícula, os incêndios e os discursos do ministro Costa levam-nos ao desespero e ao raciocínio perturbado de uma arteriosclerose terminal. Tanto assim é que a semana passada foi possível ver bombeiros desesperados, sem o apoio de meios aéreos e sem água que pingasse das mangueiras, discutindo empenhadamente o aeroporto da Ota, as reservas de petróleo no Beato e o início das ligações aéreas regulares entre Lisboa e Nairobi. Por mim, acidentalmente, dei por alguns sem-abrigo bebendo cervejas às nove da manhã enquanto, com entusiasmo, discutiam a baixa do preço da Superbock que certamente decorrerá do dito aeroporto da Ota, das corridas de calhambeques que Rui Rio ultimamente promove no Castelo do Queijo e das previsões premonitórias de Vasco Pulido Valente no boletim oficial da Sonae. Até no embarque numa camioneta que as levasse à praia da Memória, crianças de um infantário discutiam o tamanho do pão com marmelada, a necessidade do aeroporto da Ota e a libertação de adrenalina na prática do parapente.

Até o major Loureiro, comedido no tamanho e no discurso, recordou heróicas passagens das guerras de África, fez o sinal da cruz quando se referiu ao Metro do Porto cuja gestão tem sido tão exemplar como o futebol da superliga e asseverou que o aeroporto da Ota permitirá a distribuição de muito mais galinhas aos potenciais eleitores das próximas autárquicas e a subida do Gondomar à liga de honra, mesmo sem o contributo do apito dourado. E sem a filiação partidária que se exige a cada um dos concorrentes, beneficie ou não do patrocínio de Marques Mendes.

As mulheres a dias, promovidas a empregadas domésticas por força do 25 de Abril, influenciadas pelas previsões infalíveis da astróloga Maya, gozando de direito a férias e respectivo subsídio com excursões às Caraíbas em voos de baixo custo, protelaram a revisão dos honorários e as indispensáveis reuniões nos sindicatos. Alteraram destinos e compareceram em peso na praça da revolução para um dos sermões do el comandante e regressaram tisnadas mas na dúvida sobre a influência que o portuguesíssimo aeroporto da Ota poderá vir a ter na caminhada irreversível para o socialismo, para a democratização do Iraque e para a descida do preço do petróleo.

10 de agosto de 2005

Peseiradas...

O treinador do Sporting que a época passada não ganhou nada, proclamou querer ganhar hoje ao Udinese sem sofrer golos. Não seria melhor ele pensar em ganhar também, mas marcando alguns? Ou será que quis deixar subentendido que não sofrer golos equivale a ter marcado cinco? Pelo menos!

8 de agosto de 2005

O ministro tripé

O ministro Costa, no triplo exercício de funções por ausência e impedimento do patrão, foi ontem à querida televisão de serviço público, vulgo erretepum. Do muito que falou, pouco disse. Ficou a imagem infeliz do casaco e da gravata, ambos horrorosos, e do saudável ar trigueiro de quem já passou pelo solário a trabalhar para o bronze.

Foi para falar dos fogos, a única coisa sobre a qual as imagens dispensam todas as palavras. Disse que há meios suficientes, quer materiais, quer humanos. Se não houvesse incêndio nenhum até seriam provavelmente excessivos, segundo presume. Os baldes dos helicópteros é que levam pouca água e o Tejo, que é o Tejo, leva pouca mais. Se não fosse isso, nada seria como dantes e os submarinos encalhados no forte de S. Julião subiriam até Abrantes.

Não falou da nossa missão em Nairobi e da diplomacia nas savanas de África, sabendo-se que nas reservas é proibida a caça aos melros e os macacos não podem trazer-se na bagagem. Assim sendo, contentemo-nos com os texugos!

4 de agosto de 2005

O governo do safari

Bem, eu, céptico, me confesso. Eu não acreditei neste governo quando ele aumentou o Iva para 21 por cento. Nem quando, com o acordo do não governo, definiu o cargo de director geral como sendo de confiança política. Tão pouco quando propagou ter conseguido uma importante vitória com a limitação de mandatos que eu, ignorante e ingénuo, ainda não percebi. Tão pouco acreditei nele quando exemplarmente nomeou Fernando Gomes para a Galp invocando a experiência de ter convivido com candeeiros de petróleo em casa dos avós. Descrente, nem sequer acreditei na enorme poupança que se conseguirá com os projectos do TGV e do aeroporto faraónico da OTA. Sem contar, ainda, com a que decorre da demissão providencial do ex-ministro Campos e Cunha e da economia do seu magro ordenado. Mantive a descrença mesmo quando Armando Vara, homem-orquestra e benfiquista, foi nomeado administrador da CGD com poderia ter voltado a ser ministro, a criar fundações para a prevenção e segurança rodoviária e a dar descaminho a dinheiros ditos públicos, inteligentemente aplicados na compra de fortes, mansões na Boca da Inferno e submarinos desde que não sejam de cor amarela.

Mas agora, que o país todo arde de norte a sul. Agora que sacrificados bombeiros, por mera solidariedade de que apenas os pobres são capazes, não bebem, não comem, não dormem e correm atrás do fogo armados de vassouras. Agora que um exultante energúmeno proclama na televisão o sacrifício que será o primeiro-ministro acordar às cinco da matina para ver um macaco pendurado pelo rabo num ramo de imbondeiro. Agora sim, agora rendo-me à evidência deste governo do safari: estamos fodidos!

2 de agosto de 2005

Pode o governo...

Com a devida vénia e a vontade de que a atitude se transforme em movimento, para que haja respeito e transparência:

MICRO-CAUSAS:
PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A “BUSCA DE SOLUÇÕES” EM DETRIMENTO DA “ESPECULAÇÃO”?


"Respeito muito os signatários, mas há sociedades que valorizam mais a especulação e a análise, enquanto outras valorizam mais a busca de soluções."
(Manuel Pinho, Diário Económico, 28-07-07)


No Bloguítica. no Blasfémias , no Ciberjus , no Von Freud , na Grande Loja do Queijo Limiano, no [ai-dia], no A destreza das dúvidas , no crackdown, no ContraFactos & Argumentos , n' A Esquina do Rio , no Almocreve das Petas, no Um prego no sapato, no ...bl-g- -x-st-, no sorumbático, no Portuense, no ABnose, no Portugal dos Pequeninos, no Teoria da Suspiração, no A Baixa do Porto, na Minha Rica Casinha, no Sombra ao Sol, no Insustentável, na Insustentável Leveza, no Virtualidades e noutros que não pude recensear, também se apoia esta divulgação. Mostrando uma qualidade rara na blogosfera que é a persistência e o não deixar cair uma pergunta e um pedido SFF mais que razoável, alguns blogues repetiram e vão repetir enquanto for necessário a mesma pergunta.

Será que os senhores ministros (Primeiro, Economia, Obras Públicas) podem ao menos explicar quais as razões porque os estudos, alguns estudos, parte dos estudos, os estudos que foram relevantes para a tomada de decisão, não podem ser divulgados? Partindo do príncipio que existem.

Vamos acompanhar a página do Ministério da Economia e Inovação onde aliás há um formulário de reclamações, e cujas últimas entradas são a Nota à Comunicação Social com a resposta da Direcção-Geral de Geologia e Energia ao comunicado da Quercus e a Nota à Comunicação Social relativa à actividade de fiscalização desenvolvida pela IGAE - Inspecção-Geral das Actividades Económicas, no mês de Junho de 2005. Haverá com certeza informações mais úteis para todos para disponibilizar na página.

Saibam os senhores ministros que há muitos meios ao alcance dos cidadãos para obter os documentos deste tipo, que o seu conhecimento público é uma mera questão de bom senso e exigência democrática, e por isso tem o apoio de todos, sendo muito fácil mobilizar as pessoas para esta "micro-causa". Se os senhores ministros estão preocupados com o custo político de eles serem conhecidos, pensem bem no custo político de eles não serem conhecidos. pelo menos por suas mãos.