25 de setembro de 2007

A Mãe

Não me envergonho de o dizer. Pelo contrário: orgulho-me muito! Era a Mãe, de quase 96 anos, que já não era senão resto, o fio frágil que me prendia à vida e me fazia ter nesta, uma última e ténue réstea de esperança. A Mãe foi a enterrar fez ontem duas semanas, com o bom senso e a humildade de que sempre fez bandeira e com a dignidade que eu fui capaz de encorpar na tragédia do momento. Não o disse mas, como filho único, a Mãe era coisa minha. E continuará a sê-lo, mesmo que sob o tacto inseguro dos meus dedos sinta o arrepio da sua fronte fria para sempre. Não fiquei mais pobre. Seguramente fiquei muito mais morto, definitivamente muito mais só. E com ela para todo o sempre!