Han Kang – Prémio Nobel da Literatura 2024
Não
será grande confissão dizer que, até ter sido divulgado o Prémio Nobel de
Literatura de 2024, eu nunca ouvira falar de Han Kang. Mas a circunstância
desperta -me um interesse expontâneo e imediato. Primeiro por ser coreana, um
país do extremo oriente de que sabemos pouco ou nada. A não ser, talvez e cada
vez mais, as marcas de alguns automóveis que circulam pelas nossas estradas.
Depois por ser mulher. Apregoemos a igualdade que apregoarmos, ser mulher
continua a ser uma desvantagem. Porque, se tanto assim não for hoje, há ainda
pouco tempo não teve as mesmas oportunidades. Foi impedida de estudar, foi
limitada às tarefas domésticas, foi literalmente industriada para a condição de
femea e de mãe. Finalmente por ser nova e ter apenas 53 anos de idade. Como
Albert Camus disse no seu discurso de 10 de Dezembro de 1957, “como é que um
homem quase jovem, apenas rico das suas dúvidas e de uma obra ainda em
construção” ou, neste caso, como é que uma mulher.
Por
mim espero sempre a criatividade e a inovação, sabendo que procuro uma agulha
no meio do amplo palheiro. Todas as histórias já foram contadas, todos os
estilos foram por demais explorados. Todos os escritores que não atinam com a
gramática e que dão erros de ortografia frequentaram, com êxito e
aproveitamente, meia dúzia de cursos de escrita criativa. Nem Miguel de Cervantes
seria hoje tão criativo como foi com o seu “El ingenioso hidalgo Don Quixote de
La Mancha” no início do século XVII. Mas esta senhora coreana tem de ter,
forçosamente, alguma coisa de novo. É à procura disso que a vou ler.