Há gente para tudo

Ontem, ao que parece, a televisão iraniana mostrou ao mundo o grupo prisioneiro, enquanto este se alimentava substancialmente, com uma ementa dietética, que excluia a carne de porco e as bebidas alcoólicas que, como se sabe, se não podem consumir no Reino Unido em qualquer local e a qualquer hora. A mulher foi já mostrada quando saboreava a bica e fumava o seu cigarro e foi dizendo que estavam todos bem, sem fome, bem tratados, e que apenas tinham sido convidados pelas autoridades iranianas a passar uma semana de férias, à semelhança do que o Sr. George Bush tem feito relativamente a uma série de turistas com poucos recursos que, voluntariamente e por convite, gozam das delícias das Caraíbas nas praias de Guantanamo.
Ao que parece ainda, para que isto se assemelhe em tudo ao jornalismo de investigação, os orgãos de comunicação do Reino Unido propagaram que os iranianos tinham exibido uma mãe inglesa perante as câmaras de televisão, mascarada de marinheira por detrás de um fato militar, usando capacete, máscara, granadas e arma automática como se fosse o Rambo, com uma fotografia da sua filha de 3 anos a pender-lhe de um dos bolsos do camuflado e o poema de Fernando Pessoa a escorrer-lhe da memória. Contrariamente ao que qualquer analfabeto possa pensar - por melhor que os analfabetos pensem, como se sabe! - a excelsa mãe limitava-se a amamentar a filha num ambiente apenas um pouco mais animado do que os verdes campos de golfe dos reinos de sua majestade!