A saúde
A senhora aqui ao lado é a ministra da saúde de um ministério mais que defunto e mal cheiroso. Mas podia, mesmo que apenas uma vez por outra, manifestar alguma sensatez. Mesmo que isso, politicamente, prejudicasse o seu perfil para o cargo e para as boas graças do grupo Melo. Devolvendo-a às ruínas de um consultório num qualquer centro de saúde, a prescrever medicamentos genéricos para a caspa e para o enriquecimento do dono da Associação das Farmácias.Mas não, ela tem artes que faltam ao senhor Luís de Matos, sem que este tenha, por enquanto, sido nomeado ministro. Ele pode conseguir fazer jorrar moedas de euro de narizes ranhosos, adivinhar uma carta que nem sequer constava do baralho, meter até o Cristo Rei no bolso das cuecas. Mas não consegue, como ela, uma redução de seis por cento no preço dos medicamentos e, ao mesmo tempo, fazer com que todos paguemos mais por eles. Que o mesmo é dizer que quanto mais barato é, mais caro nos fica. É preciso encaminhá-la para a farsa das novas oportunidades, a ver se com a ajuda de um computador Magalhães adquire uns rudimentos de aritmética. Porque a sua conduta é de vendedora da banha da cobra, e os seus conhecimentos da matéria também.


A crise, sempre a incontornável crise. Sobre a qual a gente comum, que anda pelas ruas, que trabalha, que alimenta as filas do desemprego, da assistência médica, do apoio escolar, pouco ou nada sabe. E sobre a qual ninguém nada lhe diz porque ela serve, às mil maravilhas, para justificar aquilo a que a incrível classe política chama "apertar o cinto". De facto é esta gente comum que, por imposição do poder político, paga "sem bufar" os desvarios, os desmandos, os desvios e os roubos de quem surge rico, sem causa, de um momento para o outro. Ou, pelo menos, vive como rico, à custa do rendimento de inserção, do subsídio de desemprego ou do salário mínimo. Como o senhor Manuel Damásio!
Se houvesse algumas dúvidas, mesmo ténues, sobre as obtusas comemorações de ontem, basta um simples parágrafo dos discursos dos indefectíveis republicanos de Boliqueime e de Vilar de Maçada para as afastar de vez e sem remissão.

