Património
Tenho, desde sempre, uma devoção de fascínio por tudo quanto possa ser parte da nossa memória colectiva. Sinto como autênticas traições os muitos atropelos de que os diversos segmentos dessa memória são vítimas. Tudo quanto nos precede, nesta caminhada contínua contra o tempo, faz parte dessa memória. Os ribeiros e os rios que escondemos, abandonámos ou deixámos mesmo secar. As árvores que nasceram espontaneamente ou que alguém plantou para deleite do futuro. Os edifícios, os monumentos, as pontes que deixámos de lado, como coisas imprestáveis, entregues à ruína, à derrocada e à especulação. Não creio que nesta cidade, onde não nasci, alguém tenha legitimidade para mandar arrancar os plátanos do Marquês de Pombal, mudar o nome ao Largo da Aguardente, erigir um mamarracho no Largo da Sé ou chamar requalificação ao vazio da Praça de D. João I.Sem pretensões, sinto um prazer enorme ao fazer este apontamento. Primeiro pelo facto de um significativo conjunto de árvores, em diversos pontos da cidade, ter adquirido o direito a ser considerada coisa digna e respeitável. Sem merecimento mas simplesmente com justiça. A justiça que devemos, como memória, a tudo o que nos antecedeu. Depois porque isso resulta da iniciativa lúcida e determinada de Manuela D. L. Ramos, Maria P. Carvalho e Paulo V. Araújo, os responsáveis pela manutenção do excepcional blogue Dias com árvores. Um sítio também da minha devoção pessoal, actualizado diariamente, onde em cada dia aprendo, fascinado, mais algumas coisas que desconhecia.
Está de parabéns a cidade como o estão todas as árvores que acabam de ser classificadas. Está de parabéns o blogue e aqueles que o assinam, pelo reconhecimento do trabalho desenvolvido. Que não foi ignorado e que se não permitiu que fosse desperdiçado. Saibamos nós todos, de futuro, olhar e cuidar de todas elas com o muito respeito que merecem.

A vinte dias de se realizarem, as próximas eleições são já as eleições do choque. Seja qual for o partido vencedor, - uma vez que os eleitores estão impedidos de concorrer! - o resultado será sempre um choque. Em primeiro lugar nosso, pela estupefacção: então em mais de trinta anos de democracia o país não foi capaz de nos oferecer melhor merda?
Têm razão os poucos que, por aqui passando, me acusam de perseguir uma vertente essencialmente política. Têm ainda mais razão se acharem que não levo a política a sério. Que a refiro com ironia, de forma sarcástica, depreciativamente. Têm razão ainda se entenderem que não alcanço a ironia desejada, falta quase todo o fel ao sarcasmo, não é afinal tão depreciativo o tom em que se enredam os comentários. A intenção confirmo-a, o demérito reconheço-o!
Pronto! António Sousa Lemos é vereador da Cultura da Câmara do Porto e é militante do partido que já apresentou governo antes das eleições. Mas lá porque o Dr. Louçã acha que o respectivo presidente não tem autoridade para falar sobre o aborto - IVG para a classe política e para os cientificamente alinhados! - não se podem reduzir as competências ao homem e retirar-lhe a faculdade de nomear, com base na análise do currículo dos candidatos, a directora da Culturporto. Era o que faltava! Com a maluqueira da redução de custos, porque todo o dinheiro é pouco para pagar os calotes do Euro 2004 e para indemnizar a Imoloc, não tardava nada e o Dr. Rio mandava retirar-lhe o antiquado Audi de 1998, que até envergonharia os vereadores de Celorico de Basto, aquele concelho que quase não tem poder de compra.
Em artigo que ainda não li, o professor Freitas do Amaral parece ter anunciado que ia votar PS nas legislativas do próximo dia 20. Creio que assim a modos de, quando confrontados com dois males, manda o bom senso que se escolha o menor deles, não vá a gente aleijar-se mais do que o necessário. E quanto a isso, estamos conversados, já que se não podem exigir outros candidatos, outros programas ou mesmo outras eleições.
É por isso que o CDS/PP nos apresenta 
Com curto dispêndio em investigação e desenvolvimento o país é, de longe e mesmo assim, o que mais inventa. Então em período pré-eleitoral a azáfama é grande, o atropelo é constante, o despropósito é coisa que sai das mais sábias cabeças. De um momento para o outro o país descobre que os partidos que o governarão - salvo seja! - lhe reduzem o programa à realização ou não de debates nas televisões. Onde os candidatos, no conforto do estúdio, possam descansar da sua corrida diária por feiras e mercados, a treparem para furgonetas onde, de microfone a pilhas ao pescoço, propõem o negócio do século: a aquisição de cobertores para o frio, levando como brinde um guarda-chuva para a seca. Tudo só por uma nota de cinco euros!
O PSD foi ontem o primeiro partido a apresentar aquilo a que chama o seu
Parece que o demitido e demissionário ministro Arnault se vai esforçando por preservar a dignidade que é devida ao cargo até ao último momento. E parece ainda que neste propósito terá feito a sua peixeirada no Conselho de Ministros por ter sido ignorado quanto às novas travessias do Tejo, afirmando peremptoriamente não ser banana, apesar do seu aspecto longilíneo e ligeiramente curvo. Posição que apenas confirma o que já de há muito se vinha pensando, apesar do aspecto: o homem, de facto, é mais para o nabo!
Como é que um país onde se diz que um ministro do ambiente de um governo em funções de gestão nomeou o seu chefe de gabinete, Filipe Batista, para
O país passou anos a deixar que este homem andasse pelo médio oriente a comprar petróleo em barris a troco de uns curtos milhares de contos de ordenado mensal que lhe pagava a empresa das refinarias. Só a visão futurista de Santana foi capaz de ver para além do quintal do vizinho e de descobrir a evidente analogia entre a gasolina de 98 octanas e as portagens nas SCUTS. E de, mais do que isso, descobrir a proximidade entre o legado de Eiffel e as necessidades do TGV. Hoje, orgulhoso, o país exulta com a entrada em funcionamento daquele meio de transporte em 2012 e com o acessível custo dos bilhetes. Velhinhas corcovadas e apoiadas a bengalas inscrevem-se para a consulta médica, a solicitarem a pílula milagrosa que lhes prolongue a vida para além de todas as inaugurações. Os poucos trabalhadores rurais que ainda se agarram à enxada, no propósito de enganarem a fome e a pobreza, impacientam-se com tão longa espera para poderem ir tomar a bica aos cafés do Rossio e assistir às representações no teatro nacional. O ministro, previdente, rigoroso e oportuno, anuncia para a véspera de eleições a cerimónia da apresentação da farda dos revisores e das modalidades dos passes sociais para o percurso de S. Bento à Moncloa.

Os políticos, como os impolutos dirigentes desportivos, vociferam constantemente contra o sistema que lhes asfixia os cargos e as pretensões. Nada de mais razoável, nada de mais inteligente, nada de mais vantajoso para o progresso da sociedade e a independência do país. Especialmente depois dos versículos do evangelho segundo o Dr. Soares Pai terem democraticamente reservado a todos o direito, composto e não violento, à indignação. Do desporto e das suas virtudes não é o momento para se falar, mesmo que se possam recordar as inflexíveis posições assumidas pelo governo, quanto à exigência para que os clubes profissionais de futebol paguem as dívidas que têm, como qualquer vulgar Manuel ou António. Se questionem os desmedidos contributos para a construção de estádios que ou estão parcialmente vazios ou se não sabe para que servem. Se possa enaltecer a atitude que, anos atrás, penhorou no Estádio das Antas o lavatório e a sanita da cabine da equipa de arbitragem, obrigando a que os seus elementos fossem para o duche a um balneário público que, ainda por cima, não tinha aquecimento de águas.
É esta indefinição, esta eterna dúvida, o lamentável facto de ser sempre o último a saber, que hoje me preocupam. Como se já nos não bastassem os milagres da pre-campanha, o advento da prosperidade para todos, a longevidade dos velhos até aos cem anos e até ao salário mínimo nacional. A deslocalização - não sei o que significa o termo, mas está tanto na moda como esteve o burro que o país admirou mais do que a Júlia Pinheiro - das empresas texteis portuguesas para a China. Que, esperamos, leve à frente o saber de experiência feito dos respectivos empresários. A bem da competitividade, da independência nacional e da abençoada filosofia um país, dois sistemas, um Stanley Ho. Graças a Deus que o Dr. Sampaio, com aqueles seus olhinhos que a terra há-de comer, pôde confirmar no local que Macau progride, cumpre os acordos, produz camisas de manga curta e esfola cobras para o churrasco. Mas a convicção do
Penitencio-me pessoalmente por algumas críticas provavelmente injustas que aqui tenho afixado. Mas também se sabe que quem quiser versões oficiais e verdadeiras deve consultar os portais dos partidos parlamentares, as declarações dos membros do governo, os escritos do Dr. Pacheco Pereira e assinar o Diário das Sessões. E isto, essencialmente, por uma razão. O demitido e demissionário ministro Sarmento apresenta-se a candidato com
O engenheiro Sócrates, o mesmo que defende o socialismo democrático, - ainda que encafuado no fundo da gaveta - que se veste no Rosa e Teixeira e que toma o chá das cinco a uma mesa da Versailles, acompanhando-o com biscoitos de sortido húngaro, escreveu-me. Não sei a que propósito e, mais preocupante, não faço ideia de quem, sem minha autorização, lhe forneceu o endereço. Porque mesmo considerando a carta como lixo não deixo de ver a minha privacidade invadida por estranhos e de ter que perder tempo com isso. À semelhança do que acontece quando uma qualquer menina de voz indefinida e meia idade me liga para o telefone e insiste em dizer-me que sou um privilegiado e que acabei de ser seleccionado para, sem custos e sem esforço, ir passar duas semanas de férias numa estância das Caraíbas.
Portugal é um país ignorante e este deve ser um dos poucos atributos sobre o qual não subsistem dúvidas. E como é ignorante, erra com quotidiana frequência. Nos assuntos complexos, como nos mais elementares. Aliás, em boa verdade, nem é capaz de distinguir entre uns e outros.
Nunca fiz campanha contra o tabaco e não vou fazê-la agora. Nunca pedi a ninguém, nas proximidades, que apagasse o cigarro porque o fumo me incomodava e não vou fazê-lo agora. Mas sou contra o uso do tabaco e contra a monstruosa hipocrisia que envolve o respectivo negócio. Mais importante do que isso, sou livre e conscientemente solidário com quem se manifesta contra o tabaco e os seus malefícios e apoio com a melhor e a mais forte das minhas forças a simples intenção de abandonar o tabaco e o vício do fumo. Por isso este apontamento é um encorajamento ao 
Aquilo de que urgentemente necessitam as finanças públicas do país é de um guarda-livros. À moda antiga, usando manguitos que lhe protejam os cotovelos da camisa de algodão, que seja capaz de equilibrar as contas e de se orgulhar disso. Que seja suficientemente honesto para poder lidar com dinheiro que lhe não pertença, sem a tentação do desvario e do desfalque. Que não persiga o benefício balofo das mordomias, que não aspire a automóveis de topo de gama, que não inveje a D. Júlia Pinheiro pela frequência com que aparece na televisão. Mesmo que seja para responder a um raro burro dos autênticos.
É lamentável que alguma imberbe e incipiente comunicação social não tenha compreendido o acto público e patriótico do Dr. Santana fazer subir de Ourique ao Porto um seu amigo de infantário, acidentalmente presidente de câmara, para o incluir nas listas de candidatos a deputados pelo círculo da Invicta. Do mesmo modo que no dia anterior já tinha sido igualmente lamentável que a mesma comunicação social não tivesse entendido o contributo para a social democracia que era o convite ao Dr. Pôncio Monteiro e, ainda menos, o avanço social democrata que depois constituiu o desconvite que lhe fez o Dr. Santana. Sendo certo que tendo o Dr. Pôncio compreendido como facada nas costas o desconvite do Dr. Santana, foi capaz de entender como social democrata a presença do mesmo Dr. Santana, no dia seguinte, no estádio do Dragão, a vestir de azul e branco e a apelar ao espírito social democrata dos sócios de camarote. Ainda por cima quando a mesma comunicação social sabe, diariamente e de fonte segura, a cor das calcinhas da D. Cinha Jardim, a marca das ceroulas do Sr. marchand de arte e o tamanho, em plena erecção, da tropical pila do Sr. Frota.